top of page
Buscar

Saúde mental no puerpério: um olhar psicanalítico sobre o cuidado com a mãe

Atualizado: 7 de out.


ree

Um novo começo que transforma tudo


O nascimento de um bebê costuma ser descrito como um momento de alegria e amor. Mas para muitas mulheres, ele também vem acompanhado de uma série de sentimentos complexos medo, culpa, exaustão, solidão e até tristeza.

Essas emoções fazem parte do puerpério, o período que vai do parto até cerca de 40 dias após o nascimento, quando o corpo e a mente da mulher passam por intensas transformações.

Na psicanálise, esse momento é visto como um tempo de reorganização psíquica, onde a mulher precisa se reconstruir emocionalmente para se reconhecer como mãe sem perder de vista quem ela é.


O que acontece com a mente no puerpério?


Durante a gestação e o pós-parto, há uma revolução hormonal e emocional. A mulher deixa de ser apenas “filha” e passa a ocupar também o papel de “mãe”, o que ativa lembranças inconscientes, expectativas, medos e até antigas feridas emocionais.


Pesquisas recentes mostram que esse processo é mais delicado do que se imagina:


  • Um levantamento da Pesquisa Nascer no Brasil II (2023) revelou altos índices de sintomas de ansiedade, depressão e estresse em puérperas.

  • Estudos da Universidade Estadual de Londrina (2022) reforçam que o apoio emocional e o autocuidado reduzem significativamente o risco de depressão pós-parto.

  • Revisões da Revista Saúde Coletiva (2021) apontam que o autocuidado é essencial para prevenir transtornos mentais e fortalecer o vínculo mãe-bebê.


Esses dados mostram que cuidar da saúde mental no puerpério é tão importante quanto cuidar do corpo.


Um olhar psicanalítico sobre o puerpério


Do ponto de vista da psicanálise, o puerpério é um território emocional onde o inconsciente se manifesta com intensidade. A maternidade pode despertar tanto o amor mais profundo quanto sentimentos ambivalentes e tudo isso é humano, legítimo e merece escuta.


1. O corpo em transformação


O corpo muda, e junto com ele, a forma como a mulher se vê. Muitas se sentem desconectadas da própria imagem ou culpadas por não “voltarem a ser como antes”. A psicanálise convida à aceitação gradual, reconhecendo o corpo como parte viva da nova identidade que está se formando.


2. Conflitos de identidade


A mulher não deixa de ser profissional, companheira, filha mas agora precisa incluir o papel de mãe em sua narrativa. Essa sobreposição de papéis pode gerar culpa, cansaço e sensação de inadequação. O processo psicanalítico ajuda a elaborar esses conflitos, para que a mulher possa se sentir inteira novamente.


3. Vínculo e imperfeição


O amor materno idealizado é uma armadilha. O vínculo com o bebê não nasce pronto ele é construído, todos os dias, no contato, no olhar, nas tentativas. Ser uma “mãe suficientemente boa”, como dizia Winnicott, é mais do que suficiente.


Como saber se é hora de buscar ajuda?


Alguns sinais merecem atenção especial:


  • Tristeza persistente, choro frequente ou sensação de vazio

  • Falta de prazer em atividades cotidianas

  • Dificuldade para dormir, mesmo quando o bebê descansa

  • Pensamentos de culpa, incapacidade ou medo constante de “não ser boa mãe”

  • Irritabilidade extrema ou vontade de se isolar


Se esses sintomas se prolongarem por mais de duas semanas, é fundamental procurar um psicólogo ou psicanalista especializado em maternidade.

O tratamento precoce faz toda a diferença na recuperação emocional.


Práticas de autocuidado no pós-parto


O autocuidado é o primeiro passo para restaurar o equilíbrio entre corpo e mente. Não precisa ser complexo — o importante é criar momentos de pausa e presença.


1. Escute a si mesma

Reserve alguns minutos do dia para se perguntar: “Como estou hoje?”. Escrever, chorar, respirar fundo — tudo isso ajuda a liberar emoções acumuladas.


2. Aceite ajuda

Permita que outras pessoas cuidem de você também. Delegar tarefas não é fraqueza, é sabedoria.


3. Cuide do corpo com gentileza

Alimente-se bem, durma quando possível, faça caminhadas leves e tome sol. O corpo é o espelho do emocional.


4. Conecte-se com outras mães

Trocar experiências ajuda a normalizar sentimentos e reduz a solidão. Procure grupos de apoio materno, presenciais ou online.


5. Cultive autocompaixão

Não existe “mãe perfeita”. O amor verdadeiro é aquele que também se permite descansar, errar e recomeçar.



Cuidar da mãe é cuidar do bebê


A sociedade costuma concentrar toda a atenção no recém-nascido mas o bem-estar emocional da mãe é o alicerce para o desenvolvimento do bebê. Cuidar da mulher é investir na saúde da família inteira.


Por isso, se você está vivendo o puerpério, lembre-se:

  • não é fraqueza pedir ajuda, é um ato de amor.

  • você não está sozinha  há profissionais prontos para acolher sem julgamento.

  • você não precisa ser perfeita apenas presente, consigo e com seu bebê


Quer cuidar da sua saúde emocional no pós-parto?


Converse com a psicanalista Andrea Befi  especializada em maternidade e dê o primeiro passo para o seu bem-estar.







 
 
 

Comentários


bottom of page